“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

domingo, 8 de dezembro de 2013

15º dia Florianópolis - Americana > 788 km

Desde quando me propus a realizar essa viajem, sempre imaginei como seria o dia de regresso ao lar, ao convivio com a família e a rotina do dia-a-dia, o que sentiria?? como seria a reação nossa e deles??,iria gritar, chorar, pular, imaginei várias coisas e eis que esse dia havia chegado. Acordamos cedo, bem antes do sol, fomos tomar nosso ultimo café da manhã desta nossa primeira aventura em duas rodas, arrumamos as coisas, batia um sentimento de perda, de fim, e ao mesmo tempo uma euforia muito grande pelo retorno. Uma das grandes dificuldades nesse tipo de viajem, é controlar o psicológico e quando há falhas nessa parte abrimos margem para situações desagradáveis e mesmo acidentes. Chamei meu irmão e disse a ele antes de sairmos..." a viajem só termina com as motos na garagem de casa "..., ainda tinhamos uma grande tocada e não poderia acontecer nada  de ruim neste dia tão especial. Esse era o nosso dia de brilhar...


Completei o óleo do motor da minha moto que já estava meio baixo, o Duda na sua mais simples engenhosidade, me fez um funil com uma folha de papel, o que achei maior barato. usou, joga fora. Mapa traçado no GPS, saimos do hotel por volta das 08:00 hs, trânsito tranquilo, estrada agradável, fomos serpenteando a costa, sempre a vista do sol e do mar, logo chegamos em Balneário Camboriú, lugar onde grande parte dos imóveis foram ou ainda são de Argentinos, que quando da época de economia forte deles, investiram na cidade que estava em desenvolvimento. Aproximadamente duas horas depois, começávamos a subir a serra que vai até Curitiba, na divisa dos estado de SC e PR. Alí eu entendi o motivo do nome das árvores " Manacá da serra"...  a mata estava tomada por elas, todas floridas num tom de verde e rosa, deixando uma vista muito bonita. 


A tocada estava muito agradável, pouco movimento na estrada, domingo de sol, fomos parar para almoçar, um bauru na chapa, em um posto de combustivel já bem próximo da divisa de PR e SP, era próximo das 14:00 hs. Assim que começamos a subir a serra, já no alto dela começamos  a avistar chuva, exatamente no mesmo local da ida, e assim que chegamos no pedágio existente já no lado paulista, a chuva caiu, gostoso, como se fosse uma benção de boas vindas ao estado onde nasci. Colocamos as roupas de chuva, pq parecia que seria uma chuva passageira, daquelas que sobe na garupa e vai junto com vc, eheh. Assim fomos até a cidade de Registro, onde a chuva deu trégua, e pudemos tirar aquela roupa de borracha que evita de se molhar pela chuva, mas que molha pelo suor do corpo que não consegue sair.
Durante toda viajem, nenhum incidente de trânsito nos trouxe risco, quando subindo a serra do cafezal, um trânsito bem pesado pelas obras de reforma da BR-116, estamos nós pela faixa da esquerda e uma fila de caminhões ininterrupta pela direita, quando começo a passar por uma carreta, estou olhando o motorista pelo retrovisor dele, ele me vê e eu já quase no meio da carreta ultrapassando, o lazarento filho da puta do motorista, mesmo me vendo alí, entra na faixa da esquerda, me forçando a uma freada brusca para não acabar debaixo dele. Aquilo me deixou puto da vida. Chegando ao rodoanel, a visão do inferno nos remete a realidade do nosso cotidiano. Favelas a beira da estrada, trânsito caótico, pobreza, riqueza... é São Paulo, estava logo alí, pegamos a bandeirantes e paramos no primeiro posto para tomar um folego, ufa, estávamos chegando..




Deste ponto até a chegada, foram mais 40 min num clima de alegria e descontração, o sol brilhava entre nuvens, tempo seco, calor, a emoção de estar de volta era latente, não conseguíamos nos conter em cima das motos, era pura emoção. Ao chegar em casa, a família toda no portão esperando, com cartazes e bexigas, realmente haviam preparado uma festa de recepção e aquilo foi muito reconfortante, sentir o carinho de todos e a admiração de termos feito o que para muitos parecia ser impossível. Estávamos de volta, no mesmo ponto que partimos a 15 dias atrás, as motos mais sujas, os pneus carecas, as malas um pouco mais cheias, e a mente liberta, o coração trasbordava alegria por ter passado por tudo que passamos e poder estarmos de volta ao conforto do lar.


Foram 6.760 km rodados. Três estados brasileiros percorridos. Três países. Pernoitamos em 12 cidades diferentes, conhecemos pessoas, culturas, comidas, climas, valores, todos diferentes do nosso habitual. Rodamos apenas uns 20 km em estrada de terra, e pelas estradas argentinas que passamos, só temos que elogiar. Gastamos por pessoa aproximadamente R$ 2.500,00 com dólar a R$ 1,66 na época. Não tivemos problema algum com abastecimento, sempre tem um posto não importa a bandeira. Dormimos sempre em hotel e das 12 cidades que pernoitamos, apenas 4 não eram capital de estado, então sempre pegamos uma boa estrutura. Conselho, se tem vontade, vá e viaje, vale muito a pena.


Esse foi um pequeno relato dessa aventura planejada por nós Éderson e Eduardo, criticada por alguns, invejada por outros, e vivida por todos, que de forma positiva ou negativa, participaram dessa etapa de nossas vidas.
Em especial, agradeço meu irmão e parceiro de viajem Eduardo, por ter me dado o suporte necessário para a concretização desse sonho, que já se tornou realidade, já virou história.








14º dia Pelotas - Florianópolis > 718 km

Dormimos em uma pousada familiar, bem simples e antiga, onde o proprietário, sempre de camisa cor de rosa (não sei porque), tratava as mulheres da casa sempre de forma rude. Tomamos nosso café da manhã juntamente de um casal de militares do exército que estavam se mudando do nordeste, vindo para trabalhar no sul. Deixamos pelotas pela BR- 116 rumo a Porto Alegre, seguindo por trechos em meio a muito verde, pegamos um pouco de chuva no inicio da manhã, porém com o passar do dia ela ficou para trás. Encontramos bastante motoqueiros pela estrada, afinal era sábado e todo mundo quer dar um rolê no fim de semana.

Chegamos a Porto Alegre já por volta do meio-dia, onde paramos para almoçar no posto Graal. Acabei exagerando no prato e isto me custou muito sono  em cima da moto. Não chegamos a entrar em Porto Alegre, vimos somente a cidade de longe, por cima da ponte que corta o rio Guaiba. Saindo de POA, pegamos a Freeway, rumo ao litoral, onde existem muitos pedágios, e moto paga, o trânsito estava muito carregado, porém, pela estrutura da rodovia, tudo fluia naturalmente. Chegando perto do litoral, a paisagem fica muito bonita, a rodovia vai serpenteando a costa, a brisa do mar invade o capacete, refresca a alma. 

Chegando em SC, por volta da região de Laguna, o trânsito travou geral, muito carro pra pouca pista, tem um trecho que tem uma antiga ponte de ferro que está sendo, literalmente, consumida pelo mar. Depois de muito rodar chegamos a Florianópolis já anoitecendo, demos uma volta pela entrada da ilha, e voltamos procurar hotel no continente, pra ficar mais fácil para o dia seguinte, aquele que encerraria esta primeira jornada longa em duas rodas.



domingo, 18 de agosto de 2013

13º dia Punta del Leste URU - Pelotas RS > 485 km

Acordamos em Punta em um dia convidativo a pegar praia, sol e céu azul, mas estávamos alí, assim como na vida, somente de passagem, então bora pra estrada que o dia seria longo, esta noite já iríamos dormir em " solo esplêndido". Depois de tomar o ultimo " desayuno" onde comi a melhor media luna de toda viajem, eles tinham uma recheada com doce de leite, coisa fina, seguimos viajem e poucos minutos depois estávamos passando pela orla de Punta del Leste, a praia mais badalada do hemisfério sul, tida como a Beverly Hills da america latina, lugar onde por muitas vezes pensava em ir, influenciado pelos programas do Amaury Jr. e seu hotel Conrad, aquilo parecia sonho, e alí estavamos nós. Bem, Punta se mostrou tudo aquilo que era esperado, ruas limpas, casas expetaculares, carros de luxo, muitos cruzeiros atracados a beira mar, um fervo só. Fizemos algumas fotos e fomos seguindo nosso itinerário.






Quanta coisa passa na cabeça numa hora dessas, com tanta diversidade junto em um mesmo contexto.


Seguimos estrada pela Ruta 10 sempre a beira do oceano, num ambiente muito confortável, apesar do calor, a brisa do mar ajudava a nos empurrar adiante, passamos por estradas muito bem conservadas e trânsito tranquilo. Em Santo Ignácio, fizemos abastecimento e pegamos um trecho de terra de aprox. 5 km para sair na Ruta 9, que vai até o Chuí. Pela ruta 9 seguimos, passamos por Rocha e depois de Castillos, pegamos uma entrada para Punta del Diablo, uma praia de mar bravo, com muitos ranchos de férias e muita gente jovem por lá. Foi perto deste local que avistamos grande quantidade de jovens tb, pela ruta 9 pedindo carona, o que parece ser costume lá, afinal de contas eram época de férias. Entramos nesta praia a procura de um posto de imigração, pois eu havia visto em um outro blog que o motoaventureiro dizia ter dado baixa no passaporte, a alguns quilometros antes do Chuí, o que conosco não aconteceu, pois paramos na barreira de fronteira que está colado na cidade para dar baixa no documento. Quase chegando ao Chuy, em plena ruta 9, existe um trecho que a rodovia vira pista de pouso para aeronaves, achei aquilo estranho no momento e nem sequer fotografei, mas pesquisando no google maps, se pode ver que realmente ela existe e está próxima da fortaleza Santa Tereza em Rocha. As fotos foram extraidas do google earth.


Pois bem, chegando no Chuy paramos na aduana da fronteira por livre expontânea vontade, pelo contrario entrariamos no Brasil sem dar baixa nenhuma, fomos até o guiche e pedimos ao atendente que foi solicito, nem perguntou nada, carimbou e boa, fomos conhecer a ultima cidade uruguaya, Chuy. Demos umas voltas pelos meio das inumeras lojas, na maioria free shop e sem saber já estávamos no Brasil, pois a fronteira é uma avenida aberta, de um lado Chuí Brasil do outro Chuy Uruguay. era por volta de 13:30 hs e não haviamos almoçado ainda, e não foi lá tb que sentimos vontade para tal, chui demontrou ser muito mal cuidada, uma cidade feia, abandonada no final do Brasil, assim como muitas outras. Abastecemos e fomos conhecer a Barra do Chui, o famoso rio que divide os paises e esta localizado a aprox. 15 km da cidade Chuí. Mesmo estando do lado brasileiro, na barra do chui onde existem muitas casas de veraneio, o clima ainda é uruguayo, com espanhol escrito por todo canto. Chegando ao arroio chui, no lado brasileiro existe uma simples plaquinha dando conta do local e mais nada, onde haviam algumas pessoas pescando, já no lado uruguayo existe uma base militar, muito bem cuidada por sinal, com um guarda armado na beira da estrada, o que demostra a presença de " estado" coisa que no Brasil a gente não vê já a algum tempo. Nossa pátria está de " pernas abertas e calças arriadas" não tem um minimo de controle do que entra ou q sai pelas fronteira seca.
 Barra do Chuy, lado uruguayo

Aqui começa ou termina o Brasil...



Do Chuí a Pelotas ainda tinhamos mais 259 km que percorremos na maior parte em meio da Reserva do Taim, um local de alagados com preservação da fauna, muito bonito, era água para todo lado e constantemente placas de atenção alertavam o perigo de animais atravessarem a pista, o que não vimos acontecer, apesar de ter alguns mortos a beira da estrada. Chegamos a Rio Grande com a gasolina na reserva, pois nesse trecho não tem posto de abastecimento, abastecemos e tocamos até Pelotas onde chegamos no fim da tarde, cansados, aliviado de estar de volta a terra onde nasci, e já triste também, pois nesse ponto já sentia o fim da nossa viajem se aproximando.

sábado, 2 de março de 2013

12º dia Buenos Aires - Punta Del Leste (Uruguay) > 311 km

Acordamos cedo, quebrados pelo cansaço da longa etapa do dia anterior, somados a noite de sono curta em San Luis, a canseira nos pegou, logo depois de voltarmos da janta, já por volta da meia noite, após uma briga com o tablet cai na cama e desmaiei, com isso fiquei sem carregar a bateria da câmera e do comunicador bluetooth o que fez muita falta, principalmente por não poder fotografar tantos lugares bacanas que passamos neste dia. Acordamos cedo e saimos para fazer um tour pelas proximidades do hotel e arrumar mais um "cash", pois precisariamos trocar por uns pesos uruguaios, coisa que resolvemos rapidinho em um banco da rede BVA, onde saquei do cartão de crédito 700 pesos, que se converteram em uns 3.200 pesos uruguaios. é dificil se acostumar com essas mudanças cambiais, na hora de pagar a conta vc fica meio perdido, nem sabe ao certo quanto ta pagando Passamos em frente ao congresso e registramos umas fotos, lá ao contrário daqui, o congresso fica no coração da capital federal, maior cidade do país, é o centro comercial, financeiro e político do país http://pt.wikipedia.org/wiki/Buenos_Aires , sendo assim o povo tem ascesso fácil á política e isso a gente via pelas ruas, muitas faixas, cartazes, pichações e movimentos sociais tudo acontecendo alí, em meio ao caos organizado de uma metrópole.
  
Voltamos para o hotel, arrumamos as malas e indo para as motos ainda paramos para conversar com um motociclista mexicano que estava voltando de Ushuaia e retornava ao méxico numa BMW F 800, muntamos nas motos e fomos ainda fazer umas fotos da casa rosada, sede do governo, afinal de contas ficava no nosso caminho ao Buquebus, a balsa que íriamos pegar para atravessar o rio da Prata.
Pose de galã, cara de bravo, mais era só canseira mesmo...

Chegamos ao terminal do Buquebus por volta das 10:00 hs, tudo muito organizado, deixamos as motos no patio próximo da balsa, já na fila para embarque, entramos no prédio para compra da passagem e aduana, pagamos por volta de 600 pesos Ar cada um pelo buque rápido, travessia de 40 minutos até Colonia del Sacramento já no Uruguay. Após comprar a passagem e fazer check-in, fomos passar pela aduana para dar baixas no visto Argentino e pegar o visto Uruguayo, quando ao passar pelo detector de metais, coloco minha jaqueta na esteira e " PAWN ", esqueci de tirar  canivete multiuso que estava no bolso da mesma, fui impedido de continuar, o policial que alí estava me disse que eu deveria despachar aquilo junto da bagagem. Sai rapidinho dalí e pensando, que bagagem, nem isso e tenho..., voltei lá n pátio de embarque onde estava a moto e coloquei o canivete no baú da mesma, pronto, tava despachado, eheheh!!!, voltei lá passei novamente pelo detector de metais e tudo certo, ai passamos numa cabine onde trabalham dois funcionários aduaneiros, um Argentino e um Uruguayo, entreguei o passasporte para a argentina que viu meu visto de turista e num certo ar de deboche, resmungou com ar de desaprovação dentro da cabine" uhm turista", naquela hora fiquei com vontade de falar umas boas para ela, mais deixei quieto, afinal gente ignorante e argentino tem em todo lugar mesmo...., ela deu baixa no meu passaporte e já entregou para o funcionário uruguaio que sem fazer pergunta nenhuma já carimbou o mesmo e me entregou de volta, foi ai que indaguei ele a respeito da moto, se teria que pegar um " permisso" e ele meio com cara de não entender disse que não, que tava tudo certo, já passei a gostar do povo uruguaio dali, bem mais parecido com o brasileiro.
 Descemos novamente para o patio onde estavam as motos, e lá encontramos um gaucho numa Hiundai Santa Fé, esperando para embarcar também, ficamos alí conversando um pouco, disse nos que já havia estado na Argentina e Uruguay anteriormente e que estava regressando de férias. Logo começa uma movimentação, eram fiscais da receita ou policia uruguaya, não me lembro, que aleatoriamente e por amostragem, inspecionavam os veículos-documentos, sendo que na minha moto passaram batido. Embarcamos as motos na balsa e naquele momento já sentia um ar de tristeza, como se a viajem estivesse chegando ao fim, sei lá uma coisa estranha, afinal de contas estávamos mesmo voltando para a terrinha, a Argentina já era passado agora.
Motos amarradas na " Bodega " do Buquebus



Hasta luego, hermanos...!!! Suerte!!

Chegamos no Uruguay, já era quase 13:00 hs, no desembarque também pudemos ver como o brasileiro tem crédito no país vizinho, ao se formar a fila para passar pelo controle sanitário e alfandegário, eis que o fiscal lá na frente nos chama para passar e ao notar que se tratava de veículos brasileiros, logo perguntou..." Brasil?? diante da afirmativa já logo nos disse que podíamos passar, desejando boa viajem, nem documento nem nada, dalí pra frente já me senti como se em casa estivesse, assim como fora no passado quando as terras uruguaias faziam parte do território brasileiro por volta de 1816. Chegamos a Colônia del Sacramento e fomos dar uma volta pelo bairro histórico a procura de restaurante, onde descendo a rua principal, bem lá em baixo, defronte ao mirante a beira do rio da prata paramos as motos e almoçamos. 
Em colonia encontramos alguns veículos brasileiros, tanto moto quanto carros e um povo muito acolhedor, compramos algumas lembrancinhas, o Duda aproveitou para trocar uns pesos argentinos por uruguayos e seguimos ruma a Montevideo pela ruta 1 cheia de palmeiras pelo acostamento, onde chegamos por volta das 17:oo hs. O fuso horário adiantou uma hora depois que atravessamos o rio da prata, o que tornou o dia mais curto. Em Montevideo  ao chegar atravessamos uma área portuária, com muitos navios atracados, logo chegamos a praza Independencia no centro da cidade, onde paramos para fotos. Lembrou muito São Paulo pela arquitetura colonial e aquele caos organizado que toda grande metrópole tem.





De Montevideo até Punta del Leste eram aproximadamente mais 2 horas, porém pegamos um trânsito bem pesado na saida o que nos atrasou umas 2 horas, quando começou a anoitecer caiu um friozinho gostoso que me fez colocar o forro da jaqueta, tocando ai direto até punta por uma estrada tranquila e bonita, chegamos a Punta Balena, uma praia antes do grande fervor de Punta del Leste era por volta das 20:30 começava a chover e como encontramos um hotel bacana " Puesta del sol" a beira da estrada resolvemos ficar por alí mesmo e evitar o trastorno de chegar com chuva e mais a noite na muvuca que é Punta del Leste. Hotel mais caro da viajem US$ 160,00 com café da manhã, mais o hotel era top, valeu muito a pena.  Arrumamos as coisas e fomos até um mercadinho nas proximidades compramos salame e pães juntamente de umas Coronas e um adaptador para poder ligar o carregador da máquina fotografica na tomada de energia, sem mais energia o jeito foi deitar e dormir porque no dia seguinte voltariamos para o Brasil, e nesse ponto da viajem eu já estava querendo muito isso.





domingo, 17 de fevereiro de 2013

11º dia San Luis - Buenos Aires > 808 km

Após uma noite curta de sono, mas que sem dúvida foi a melhor de todas pois pelo menos conseguimos algum lugar para passar a noite, tomamos nosso café bem simples por sinal e saímos a rodovia. A etapa seria puxada, até Buenos Aires se tudo desse certo seriam por volta de 800 km e com certeza o dia seria longo. Saímos bem cedo para o normal, por volta das 08:oo hs, o tempo estava a nosso favor, céu aberto e uma temperatura super agradável, sem vento e estrada tranquila, fomos fazendo km´s em meio a retas intermináveis e plantações de milho, soja, e muitas estâncias de gado preto, atravessando assim os pampas argentinos rumo a capital porteña. Alguns km após deixar San Luis, descemos uma serrinha tranquila, e chegando próximo a Vicuña Mackenna no km 591 da ruta 7 deparamos com um posto Petrobrás e como já estava na hora de abastecer paramos alí, posto muito bom por sinal, como a maioria dos postos desta rede que por onde passamos sempre se mostrou em um bom nível de atendimento ao usuário.
O preço do combústivel Petrobrás em comparação ao YPF é maior, mas como não escolhiamos pelo preço, foi nesse mesmo.
A tocada estava rendendo bem, porém a paisagem é monótona, sempre igual km após km, e por toda a extensão que passamos nos campos de grãos, sempre haviam bandos de pássaros sobrevoando a rodovia, muitas das vezes, pareciam que iriam trombar com a gente, numa revoada que mais parecia um balé nas nuvens, e assim fomos tocando até na hora do almoço, onde depois de comermos um lanche bateu a canseira da noite anterior mal dormida, não pensamos duas vezes, atrás do posto havia uma área com árvores e alguns argentinos fazendo alí a siesta, fomos lá ,a final de contas estávamos a passeio mesmo, deitamos por alí uns minutos até sentir as formigas andando pela roupa, aí já era.
 Pássaros voando junto a moto







Muitos km só vendo esse tapete verde



Na parte da tarde continuamos a fazer km, sem muita coisa para ver nesse trecho, a monotonia junto do cansaço começou a fazer efeito, um sono e vontade de chegar que faziam cada km parecer valer por dois, sendo que chegando próximo a Junín começou a aparecer algumas lagoas beirando a estrada e muitas delas estavam em um nível bem baixo, algumas praticamente só haviam lama e o cheiro de coisa podre pairava no ar. Quanto mais próximo ficava Buenos Aires, mais urbanizado foi ficando a estrada, porém sem comprometer o bom andamento do trânsito, sendo que quando vimos estávamos entrando numa autopista, bem pedagiada e que moto paga, que nos levou ao centro da cidade porteña, passamos ao lado do estádio do Veles Sarsfield e logo chegamos ao hotel rey, onde tinha mais uns motoqueiros da europa, e do méxico hospedados lá, fomos jantar e comi o melhor Lomo (filé mignon) de toda viajem, com molho de gorgonzola e batatas suflê, áhh isso vai dar saudade...demos uma volta pelas redondezas da praça do senado e voltamos para o hotel, travar mais uma luta com o tablet afim de mandarmos sinal de vida pro BR.




Essa última cena foi para provocar a vontade de um breve retorno...

O Duda devorando uma suprema de pollo e eu no lomo, ahh o lomo....




domingo, 3 de fevereiro de 2013

10º dia Uspallata - San Luis > 376 km


Amanheceu um dia lindo em Uspallata, céu azul aberto, com sol e uma temperatura agradavel, era então o dia decisivo de saber como voltaríamos para casa. Após tomar o "desayuno" e acertar as coisas, preparamos as motos e foi então que fomos tentar fazer a moto pegar. Tentei dar a partida, mas como já era esperado, a bateria era fraca demais, 3A, sendo que a moto puxa 5 A, resultado, não pegou. Tentamos então fazer a danada pegar no tranco, e também não funcionou. Ai que comecei a entender que a questão não era somente a falta da bateria, tinha mais alguma coisa errada na moto. Já desanimado e certo de que não voltaríamos para Mendoza pilotando, fomos até a guincheiro local que funciona junto de uma oficina mecânica, e lá ainda estava fechado, sendo que o proprietário mora na casa ao lado mais também estava sem sinal de vida nenhum. Havia um cartaz na oficina dando conta que o horário de funcionamento se inicia as 8:00 hs, porém já era bem mais de 8:30 hs e nada. Foi então que resolvi não mais ficar alí esperando, peguei a moto do Duda e sai a procura de outro meio de transporte, sendo que próximo dalí existiu uma      " gomeria " (borracharia) e o senhor que lá estava me indicou um senhor que vende gás em sua casa a poucos metros dalí e que possuia uma caminhonete, e que já por diversas vezes havia feito o socorro de motociclistas com problemas, seu nome era Pablo Montaña. Pois, confiante da indicação e curiosos em saber que tipo de " caminhonete" seria a do Pablo, vou até sua casa, uma casa simples, próximo a um riacho bato palmas e de lá sai um senhor sisudo e desconfiado que vem me indagando ..." que nescessitas??". Explico a ele a situação e ele me diz que é possível nos " guinchar" até Mendoza por 350 pesos (o guincheiro do sábado havia me pedido 700 pesos), peço então para ver a camionete e para minha surpresa era uma Ford F-100 novinha, mais do que na hora disse se poderia ser pra já, o que de pronto ele concordou.



Assim, deixamos Uspallata, uma vila guardado com carinho no coração e na alma, um lugar para se recordar o resto da vida por todo aprendizado vivido alí, sem contar das belas paisagens e clima. O Chile, definitivamente havia sido deixado para trás, pelo menos desta vez não seria possível chegar àquele destino, deixando uma enorme vontade de um dia poder alí voltar...







Ainda enquanto esperávamos o Pablo, passou por nós um motor home com placa da frança, com uma família inteira viajando pela américa numa Iveco, e que também estava com problemas pois estava a procura do mecânico dorminhoco...Comparado a eles, apesar da distância, estávamos do lado de casa...


Chegamos a  Mendoza por volta das 11:oo hs, depois de uma viajem tranquila e com direito a curso intensivo de portunhol, Pablo um cara super gente fina, muito conversador, foi nos contando sobre política, desceu o pau na Cristina, como a maioria do povo argentino, parece que a presidente atual não caiu nas graças da população, nos contou sobre o local que ele mora desde pequeno, muito bom ter podido estar lá com ele, queria por que queria trazer as motos aqui para o Brasil, más a ideia não era esta. Fomos direto para a loja da Honda, onde o mecânico Gustavo já me pareceu ser um velho conhecido de Pablo, eles devem se ver de vez enquanto com situações parecidas a nossa. Despedidas de Pablo, deixo a minha moto lá na esperança e promessa de voltar pelas 17:00 hs para buscá-la, funcionando. Resolvemos ficar com a moto do Duda, caso precisássemos ir a algum hotel, reservar vaga, ou sei lá o que passou pela cabeça, pois não foi muito certo, um de moto e outro a pé andando junto numa capital com trânsito caótico, resultado, nos perdemos um do outro. As coisas pareciam estar tomando um rumo não escolhido por nós, mas pelo destino. Comecei andar pelas ruas principais de Mendoza, pois já tinhamos passado alí duas noites então já conhecia um pouco do entorno, e de olho nas motos vendo se encontrava o Duda, que eu não me preocupei muito porque, no final das contas se não nos encontrasse-mos, com certeza as 17: oo hs ele iria lá na oficina.     Depois de uns 40 minutos caminhando perdidos, vejo a moto do Duda estacionada junto de algumas outras, de frente a uma lanchonete, não penso duas vezes, entrei comprei um lanche de salame e coca-cola, me sentei alí e fiquei esperando meu parceiro de aventura, que logo apareceu na multidão, o que foi um grande alívio. Dali fomos até a praça independência onde comemos uma porção " picada" de frios e azeitonas e aproveitamos o wi-fi para mandar notícias para casa. O dia estava chuvoso, caia uma chuva fina e nós alí que nem sem teto, desabrigados, sem hotel, sem abrigo longe de casa, sem saber se a moto funcionaria, ficamos na praça, debaixo de uma marquise com uns meninos que vendiam cd´s, pareciam bem desafortunados, assim como nós naquele momento, ficamos alí fazendo hora, escondidos da chuva, até dar a hora de voltar a oficina.

Chegado na oficina, encontro minha moto toda desmontada ainda, pergunto pro Gustavo e ele me diz " malo, malo", não tinha conseguido fazer a moto funcionar e ainda estava achando que era o módulo que tinha queimado e o pior, não teria esta peça para reposição na Argentina, teria que vir do Brasil. Ai pensei, FUDEU!!, desesperado começo a fuçar na moto junto do Gustavo e me lembro do alarme, desativei na chave e nada, desativei no código da chave e opa, quase pegou, Gustavo então montou o tanque novamente no lugar, colocou a bateria nova, dei partida e vrumm.!! funcionou, era a bosta do alarme positron que vendem nas concessionárias como sendo compatível com a XRE. Mesmo alarme que o Duda teve que desativar no primeiro dia da viajem porque começou a dar pau. Pedi então pro Gustavo desligar o alarme da bateria, e ai a moto voltou a não funcionar. Resultado, vim com a alarme conectado, porém desativado, mais vim, cheguei aqui assim. Resolvido o problema da moto já eram quase 19:oo hs, a chuva havia parado, tinhamos ainda mais umas 2 horas de dia claro, então resolvemos, para quebrar a monotomia de todos esses dias parados, resolvemos pegar estrada rumo a San Luis, afinal eram só 258 km, deveriamos chegar lá ainda no começo da noite. A ruta 7 neste ponto estava com alguns pontos em reforma, principalmente próximo dos pedágios, que moto não paga, isso fez com que nos atrasássemos um pouco e a noite caiu, junto dela um frio de fazer o corpo inteiro tremer, a nossa frente viamos relâmpagos ao longe, já estava sem bateria na câmera ara fazer fotos e a vontade de chegar logo nos fazia andar sem parar, nem mesmo o frio era motivo, a vontade era de chegar. Andamos por um bom trecho da ruta 7 neste ponto, onde a via é iluminada a noite, coisa que só viriamos se passassemos alí a noite, coisas do destino, muito lindo, uma reta só e a cidade de San Luis uns 50 km a frente tudo iluminado.
Adicionar legenda
 


Chegamos a San Luis, com o combustível no berro paramos no primeiro posto já na entrada da da cidade por volta das 10:30 hs, num frio de lascar, pedimos uma pizza que a moça esquentou no microondas e dois pingados, isso mesmo, pizza com pingado, era o que tinha de quente para se consumir, e o corpo pedia isto, tentamos usar o wi-fi com o tablet, que se monstrou um impecilho a comunicação, não conseguimos, então fomos a procura de hotel. Rodamos a cidade toda e em todos os hotéis que parava perguntar a resposta era a mesma, " full, completo", não havia vagas em lugar algum da cidade. San Luis parecia uma mini Las Vegas Hermana, passamos na porta de vários cassinos e a cidade estava fervilhando, muita gente pelas ruas e restaurantes, ficamos sabendo que estava tendo na cidade tipo a volta ciclistica de SP, isso equiparado lá, e naquele dia era San Luis, a cidade estava cheia de ciclistas e equipes, esse o motivo do bum populacional,  e isto já era por volta das meia noite lá, aqui no Brasil 01:00 hs da manhã, comecei a ficar preocupado com a família aqui que deveria estar ansiosa por notícias, paramos em um posto YPF, mais dois pingados e ai conseguimos usar o tablet, pelo menos para avisar que estávamos vivos, o que já foi de grande valia. O tempo parecia que iria virar chuva, ventava muito e estava frio, procuramos na internet alguma opção de hospedagem mas não resolveu. Lá por volta das 02:00 hs da manhã, depois de "alugar" a conveniência do posto, e a vontade que dava era de deitar alí mesmo no chão e dormir alí, resolvemos pegar a estrada de novo até a próxima cidade que seria a uns 100 km dalí e lá tentar achar algum lugar para pernoitar. Chegando na saida da cidade, a beira da ruta 7 encontramos uma pousada, resolvemos bater alí e para nossa surpresa havia quarto para dos, por 260 pesos com cochera e desayuno, nos jogamos para dentro, e capotei, como uma benção chegou a salvação de nossa agonia, daquele dia que parecia que não teria fim, ou que seria o fim.