“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

segunda-feira, 19 de março de 2012

1º dia Americana - Curitiba > 512 km

É chegado o dia da partida, acordo as 05:30 h e de cara olhando pela janela, se via um dia cinzento com uma leve garoa caindo, não era bem o tipo de cenário que imaginávamos nem queríamos para começar a viajem, mas com todo aquele chão pela frente, com certeza um dia ou outro de chuva não teríamos como escapar, então que fosse logo no primeiro para depois não mais se preocupar com chuvas, e foi assim que aconteceu.
Depois de tomar um café da manhã com o estomago meio "embrulhado", haja vista estávamos prestes a realizar "a viajem", que a tanto nos planejamos, estávamos prestes a sair de casa, e para terras muito distantes nos dirigir, tendo a incerteza e o desconhecido a frente e tudo, tudo que era nosso ficando para trás.
Por volta das 07:00 h estava tudo pronto, coloquei as malas na moto preta e fomos eu de moto e minhas lindas de carro até a casa de meus pais, de onde eu e meu irmão sairíamos. 

Despedidas e abraços de boa viajem, era visível no rosto de todos a emoção misturado com uma boa dose de preocupação, é nesta hora que o psicológico tem que estar preparado, senão você não consegue mesmo ir, muntamos nas motos e saímos. Todos saíram juntos até o portão e nesta hora minha filha Isabela, com toda sua inocência começou acenar com a mão, dando tchauzinho, nem passava pela cabeça dela o quanto tempo ficaríamos longe sem contato, e isto, ao mesmo tempo que me cortou o coração, me deixou também mais tranquilo, senti ela me desejando boa viajem papai!!!


Andamos uns duzentos metros em silêncio total, meio atordoados pela maré de emoções, pegamos a SP-304 sentido a rodovia dos Bandeirantes, comentei com meu irmão ainda com voz tremula..." é Dudão, agora a viajem começou pra valer..."
A pouco mais de 1 km de estrada, a primeira parada para realocar os fones do comunicador bluethoot, o que seria uma constante durante toda viajem, não estávamos conseguindo ouvir um ao outro, e durante o caminho fomos tentando lugares e jeitos diferentes de se colocar os fones dentro do capacete de uma forma que não incomodasse muito a orelha, sendo que em alguns trechos chegamos andar sem os fones para dar uma descansada na orelha.
Seguimos pela Bandeirantes até o rodoanel, estrada tranquila, céu cinzento sem chuva, muito vento e um pouco de frio, chegamos ao rodoanel e dali pra frente a estrada era nova para nós dois, seguimos sentido BR-116, num trecho de asfalto ótimo, com túneis e muito vento, chegamos no acesso a BR e já que você sai do rodoanel, tem um radar de 40 km, bem em cima, quando vi já estava passando, estava a uns 70 km, freei e pelo jeito deu certo porque até hoje não veio multa alguma.

Paramos num posto de gasolina logo no início da BR, comprei uma coca-cola pra dá uma acordada e aproveitamos para colocar as capas de chuva, pq o tempo estava " prometendo".

Seguimos viajem, logo, chegando na serra do cafezal, nos deparamos com um congestionamento devido a obras de melhoria na pista, estava tudo parado, o pessoal descia dos carros, tinha vendedor ambulante vendendo água, salgadinho, tudo levava a crer que o trecho alí seria demorado, e o céu cinzento com muitas nuvens que avisava que a qualquer hora iria desabar água. 
Ignorando as normas de segurança no trânsito e lembrando do tempo que andava de titan, começamos a " costurar " o congestionamento, andávamos bem devagar em meio aos carros e pedestres espalhados pela pista, e assim, pouco a pouco, fomos avançando, até que começou a descer água, de leve, mais mesmo assim, o que já não estava bom começava a piorar. percorremos uma boa distancia que no fim acabamos por não mesurar mas que deve te dado uns 10 km de congestionamento deve ter, até que acabaram se o trecho de obras e o trânsito lentamente voltava a fluir.  

Aproveitamos para dar uma parada em um ponto de escape na estrada para tirar a " água do joelho " e logo que voltamos a estrada o primeiro susto, a moto de meu irmão começou a disparar o alarme com a moto em movimento, e mesmo acionando o controle a mesma não desligava o alarme, até que depois de muito insistir desligou. Andamos mais uns km e novamente o alarme ativou, só que desta vez não teve santo que fizesse o mesmo desligar, resultado, desativou o alarme pelo código da chave, desativando-o. 
Definitivamente, as Honda XRE 300 não nasceram para se instalar alarme positron, apesar de as concessionárias na hora da venda, visando lucro dizerem que é compatível, balela, compatível uma ova, somos prova de que isso não é verdade. Já no primeiro dia de viajem e sem alarme, o que deveria eu ter feito também, porém a minha moto nunca deu problema no alarme, então insisti e arrisquei deixá-lo acionado, o que mais tarde fui ver ser um grande erro.
A uns 30 km de Registro-SP, já debaixo de chuva forte, paramos num posto Graal para abastecer e fazer um lanche, já era por volta de 14:30 hs, comemos ali fora mesmo, junto das motos que estavam com as bolsas amarradas na garupa, o que vimos ser um grande inconveniente neste tipo de viajem, pois não se pode abandonar as motos alí sozinhas com as malas, somente amarradas na garupa, como diz o ditado    
" seguro morreu de velho" então ficávamos sempre meio presos a moto. Com certeza motos com alforge, tipo baú com chave, nestas situações te deixarão bem mais tranquilos e livres.
 Enquanto estávamos ali degustando um lanche, um casal de catarinenses em viajem de volta do Guarujá, pararam pára bater papo, ele motociclista de outrora, nos perguntou o destino da " tocada", dissemos a ele e o mesmo ficou visivelmente emocionado, dizendo tb já ter andado por aquelas terras e que seu sonho seria chegar até Ushuaia (tá ai uma boa pedida pra próxima...), nos desejou boa sorte, "babou" no gps orange e se foi, nos deixando mais animados, com o espírito de aventureiro mais forte...
Seguimos pola BR-116 sentido PR, passamos por Juquiá, Registro, Jacupiranga, Cajati, e o que se vê neste trecho todo é banana, vastas plantações de banana, até que começa chegar a subida da serra, perto de Barra do Turvo, divisa com o estado do Paraná.
Da subida da serra até quase chegar em Curitiba, andamos embaixo de uma chuva torrencial, era tanta chuva que passamos pela divisa de SP com PR e nem pudemos notar a placa que comumente se vê. Muitas curvas, muitos caminhões e ônibus e não encontrávamos lugar apropriado para encostar as motos e ficar em segurança, o que nos fez andar um bom trecho devagar e com o C@##¨$ na mão.
Já vencido o trecho mais forte da subida da serra, a chuva deu uma diminuída, e ai começamos a passar por locais de acidente, foram uns 6 ou 7, na maioria carros que perderam o controle e saíram da pista, ou capotaram, aparentemente sem nenhuma morte, mais, aquilo foi o suficiente para me deixar bem apreensivo. Comecei a me perguntar " o que que eu to fazendo aqui??", " " isso é loucura!!!", a combinação de chuva, cansaço e cagasso te faz entrar em depre e dai para perder o pique e acontecer algo de ruim é fácil.
Encontramos um posto meio que abandonado com um barzinho e paramos, foi daí que deu para ver que já estávamos no PR. Demos um tempinho alí, e logo, começou a abrir o tempo, muntamos nas motos e bora pra Curitiba, só faltava mais uns 100 km...
 Chegando em Curitiba, já começa a se avistar as Araucárias, arvore típica da região sul, muito verde e um ar gostoso de respirar, talvez pela altitude, chegamos em Curitiba debaixo de um sol forte, eram aprox. 18:00 hs, nada melhor para terminar o primeiro dia da viajem, do que chegar depois de tanta água, com o tempo seco e um sol que encheu as baterias de energia. Fomos procurar hotel e tivemos que rodar bastante até achar um bacana, Bristol hotel, com garagem e café da manhã por R$ 160,00 duas pessoas.
Tomamos banho e com o corpo moído e a mente atordoada, saímos para dar uma volta a pé e procurar algo para comer, paramos num supermercado, compramos água pro dia seguinte, duas cervejas, e encontramos um subway, onde alí fizemos um lanche rápido antes de cair na cama.


Um vídeo próximo a Curitiba-PR





 

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