“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

quarta-feira, 21 de março de 2012

2º dia Curitiba - Erechin-RS > 474 km

Acordamos cedo no dia 15, era por volta das 06:00 hs, ainda com o corpo doído e cansado, olhamos pela janela e vimos um cenário que convidava a ficar na cama, estava caindo uma fina garoa, o tempo estava bem cinzento, mas para quem tem chão pra andar não dá pra ficar parado. Descemos tomar café da manhã, que estava muito bom diga-se de passagem e foi o último com tanta fartura dos próximos 14 dias, arrumamos as coisas, colocamos a capa de chuva e saímos, ainda antes de pegar a estrada passamos em pontos turísticos conhecidos da capital paranaense, como o jardim botânico, o teatro ópera de arame e o museu Niemayer.


Museu Oscar Niemayer, conhecido como museu do olho.
Como ficamos fazendo turismo, acabamos saindo tarde de Curitiba, cerca de 11:00 hs e teríamos um bom trecho para percorrer neste dia, atravessaríamos SC de leste a oeste para chegar até Passo Fundo -RS. Pegamos a BR- 476 e fomos sentido a São Mateus do Sul, onde após passar pela cidade paramos em uma barraca na beira da estrada que vendia frutas, pêssegos e ameixas, R$ 5,00 o pacote. Compramos ameixa que estava mais doce do que mel, fizemos ali nosso lanche, ameixa com salame e água, este que já seria nosso segundo dia na estrada sem almoço, uma parte complicada da viagem porque, apesar da fome, se você  "enche" a barriga com comida, inevitavelmente você vai ter que travar uma batalha com o sono, e estrada com sono + moto não é uma combinação muito boa, ai na maior parte da viagem fizemos apenas pequenos lanches no decorrer do dia e deixava-mos para fazer uma refeição decente na janta, ai sim, acompanhado de uma cerveja gelada ou de um bom vinho.





Prosseguimos viagem sempre em meio a muito verde, estrada boa, sem pedágio, chegando próximo a União da Vitória, pega-se um trecho de serrinha, muito bom, e acessa a BR-153 que vai nos levar até o RS, poucos km adiante estamos na divisa dos estados do Paraná com Santa Catarina.





Divisa PR-SC por volta de 15:30 hs








Atravessamos o estado de Santa Catarina de leste a oeste pela BR-153, num sol escaldante, passamos por belas paisagens de campos, com plantações de milho, muito vento naquele trecho, deve ser uma região que venta com muita frequência porque avistávamos ao longe muitas usinas de energia eólica, gigantes de ferro no meio de muito verde, percorremos aprox. 200 km nesta travessia do estado e vimos placa de apenas 3 cidades, sendo que passamos por dentro de apenas uma Concórdia, quase na divisa com o RS, onde paramos numa barraca a beira da estrada comprar água e usar o banheiro, onde acabamos comprando um salame regional q custou R$ 8,00 e que estragou no mesmo dia, acho que devido ao calor do sol dentro do baú, fez com que o mesmo chegasse em Erechim deteriorado.
Chegamos na divisa dos estados de Santa Catarina com Rio Grande do Sul já era por volta das 17:30 hs e ainda tinha mais 143 km até Passo fundo.
O rio Uruguay, que divide os estados de SC e RS, neste trecho da BR-153 existe uma "prainha", que no dia que passamos por lá estava lotada de pessoas com lanchas, jet sky, usando ali como área de lazer, tinha até um bar lanchonete, dando infraestrutura para os frequentadores do local, muito bacana. 


             

                Vídeo da travessia do rio Uruguay


Assim que entramos em solo gaúcho, ba tchê!!!, pegamos uma subida de serra, com muitas curvas, estrada muito boa, mas o trecho ficou lento, já no alto da serra se avistava muito longe, sentia um friozinho gostoso, depois de tanto calor durante o dia, estava uma temperatura muito agradável. Uma coisa que me chamou a atenção foi o cheiro de " chiqueiro de porco" no ar, e este cheiro nos acompanhou da divisa com SC até uns 200 km adiante sentido Argentina, deve se ter muitas criações de porco e aves naquela região de Chapecó pois o cheiro era inconfundível. Chegamos na alça de acesso a cidade de Erechim-RS já era por volta de 19:00 hs e ainda tinha-mos uns 100 km para cumprir com a meta diária de chegar a Passo Fundo. Pelo horário já começava a escurecer e era óbvio que se prosseguíssemos, chegaríamos em Passo Fundo já a noite. Optamos por entrar em Erechim e ver se encontrávamos algum hotel, e se assim o fosse passaríamos a noite alí para tirar o atraso no dia seguinte, onde chegaríamos até Uruguaiana-RS. Assim feito, entramos na cidade que para nós se tratava de uma cidadezinha sem recurso pela aparência do começo da cidade, eis que para nossa surpresa chegamos na av. principal e parece que a cidade toda estava lá, muita gente, famílias inteiras sentadas ao longo da avenida, embaixo das árvores, tomando seu chimarrão, ouvindo som, e nós lá no meio da muvuca, desfilando, todos olhavam para nós que obviamente se via que era gente de fora. Era muita gente, tinha polícia organizando o trânsito, parecia que as pessoas estavam esperando algo, até parecia que estavam nos esperando, rsss, e numa certa altura da avenida, quando resolvemos fazer um retorno, acabamos entrando na frente de um carro que vinha com os pisca-alerta ligados, buzinando e com uma " louca" com o corpo pra fora do carro segurando, ostentando um troféu, ai que entendemos que estávamos no meio de uma comemoração de alguma coisa, e nós, bem alí na frente da carreata toda, o jeito foi entrar no ritmo da festa e acompanhando os demais fomos " levados" pela avenida, deu até pra dar umas buzinadas junto, em solidariedade a vitória de sabe  la o que...
Depois de achar hotel e banho tomado, saímos para jantar e para nossa surpresa, a multidão que estava na avenida principal tinha aumentado, e mais estava tendo desfile, com carros temáticos, distribuição de vinho, frutas, queijo, era a festa da economia familiar, pelo jeito, típico daquela cidade pois tinha até carro com a rainha e princesas, uma festa muito bonita, um povo alegre e lógico que provamos do vinho deles, acho que  foi muito melhor ter ficado ali do que prosseguido viagem. 
    
















Encontramos um restaurante aberto no final da avenida, meio com cara de coisa chique, mas como fomos informados no hotel que de domingo teríamos poucas opções lugares para jantar, acabamos ficando ali mesmo e comemos um macarrão a carbonara que estava muito bom, melhor ainda acompanhado de uma Heineken gelada para reidrata e garantir uma boa noite de sono, que iríamos precisar pois no dia seguinte a distancia percorrida iria ser maior, 641 km.





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